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A Idade Média foi um período que parecia duro e desregrado quando comparado com os tempos modernos. É claro que percorremos um longo caminho desde esses tempos longínquos, graças a Deus. No entanto, muitos dos fundamentos de certos ofícios foram estabelecidos durante esses tempos. A panificação é um desses ofícios.
Os padeiros medievais eram essenciais, uma vez que o pão era um alimento básico na Idade Média. Os padeiros faziam parte de uma guilda e a sua produção era fortemente controlada e regulamentada. Os padeiros podiam ser publicamente envergonhados ou multados por qualquer pão que não estivesse dentro das normas. Em casos graves, os seus fornos eram destruídos.
Veja também: Top 5 flores que simbolizam o lutoNa Idade Média, a panificação não era a ocupação artística ou o delicioso passatempo que é hoje. Acredita que o pão, entre todas as coisas, causava grande controvérsia nos sectores religiosos? Ou que alguns padeiros inseriam varas de ferro nos pães para cumprir o requisito de peso? Ser padeiro durante a Idade Média não era fácil. Na verdade, por vezes, podia ser mesmo perigoso.
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A panificação como profissão na Idade Média
Ser padeiro era essencial durante a Idade Média, uma vez que as fontes de alimentação eram escassas e o pão era frequentemente o único alimento básico em muitas famílias. Como muitos ofícios durante a Idade Média, as tarefas de padeiro consistiam em trabalho árduo. Este ofício era também fortemente regulamentado e monitorizado pelos poderes superiores. Em 1267, a lei "The Assize of Bread and Ale" foi implementada na Inglaterra Medieval.
A lei servia para regular a qualidade, o preço e o peso da cerveja ou do pão vendido. A violação da lei não se limitava apenas ao roubo de pão, mas os padeiros também eram punidos se o seu pão não estivesse de acordo com as normas.
Uma ilustração mostra um padeiro a ser envergonhado pelo seu "crime", sendo arrastado pela rua num trenó com o pão infrator atado ao pescoço. Os crimes mais comuns de que os padeiros eram considerados culpados relacionavam-se com violações da regulamentação do peso e com o comprometimento da farinha (por exemplo, adicionar areia à farinha).
As punições variavam entre a revogação da licença de padeiro, multas e, por vezes, formas físicas de punição. Em casos graves, o forno do padeiro era frequentemente destruído como punição. Os padeiros durante a época medieval faziam parte e eram governados por uma guilda ou fraternidade. Um exemplo de uma dessas guildas era a "The Worshipful Company of Bakers of London", fundada durante o século XII.
O que é um sistema de guildas?
Um sistema de grémio governa e regula muitos ofícios. Este tipo de sistema surgiu durante a Idade Média. Devido aos tempos difíceis da era medieval, muitos ofícios necessitavam de ser governados para operarem e funcionarem corretamente. Durante o século XIV, o grémio dos padeiros foi dividido em grémio dos padeiros brancos e grémio dos padeiros castanhos.
A Guilda dos Padeiros Brancos concentrava-se no pão preferido pelo público, mas com menor valor nutritivo. Em contrapartida, o pão dos Padeiros Pardos era de uma variedade mais nutritiva. As duas guildas uniram-se em 1645 para formar uma única empresa. Mais tarde, em 1686, foi introduzido um novo estatuto, ao abrigo do qual a empresa ainda hoje funciona.
Que tipo de equipamento foi utilizado?
Os fornos da Idade Média eram bastante grandes, fechados e alimentados a lenha. O seu tamanho permitia a sua utilização colectiva. Estes fornos eram considerados investimentos caros e tinham de ser operados com cuidado. Muitos dos fornos estavam situados numa habitação separada, sendo que alguns se encontravam mesmo fora da cidade para evitar o risco de potenciais incêndios. Eram utilizadas longas pás de madeira para colocar e retirar os pães dao forno.
O dia na vida de um padeiro na Idade Média
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Tal como os padeiros de hoje, o dia de um padeiro medieval começava muito cedo. Os fornos e o equipamento disponíveis na época significavam que a preparação e o arranjo para um dia de cozedura eram uma tarefa árdua. Devido às longas horas de trabalho, muitos padeiros viviam no local.
Veja também: Os 15 principais símbolos de paciência com significadosAcordando muito antes do nascer do sol, os padeiros reuniam tudo o que era necessário para o dia (por exemplo, a lenha para o forno). Alguns padeiros amassavam a massa eles próprios, enquanto outros diziam que as camponesas lhes traziam os pães já amassados e moldados.
Durante a cozedura, usava-se o vestuário normal da época, a não ser que o padeiro tivesse uma posição social mais elevada. Neste caso, usavam-se aventais e chapéus. A alimentação do padeiro era a mesma que a de qualquer outra pessoa da sua posição social. O facto de ter acesso ao pão e a outros produtos de pastelaria não dava aos padeiros o direito a uma refeição melhor do que a dos outros.
Para ficar com uma ideia mais clara do que era fazer um simples pão naqueles tempos, veja o vídeo do YouTube publicado pelo IG 14tes Jahrhundert. Este vídeo dá-lhe um vislumbre da rotina de um padeiro na Idade Média. Depois de ver este vídeo, não vai tomar o seu forno como garantido.
Que ingredientes estavam disponíveis na Idade Média?
Uma vez que o pão era o produto mais comummente cozinhado durante a maior parte da Idade Média, eram utilizados vários cereais, que eram transformados em farinha e, uma vez que a levedura não estava amplamente disponível, era utilizada cerveja ou ale como agente de fermentação. Os tipos mais comuns de cereais disponíveis durante este período da história eram:
- Aveia
- painço
- Trigo mourisco
- Cevada
- Centeio
- Trigo
O trigo não estava disponível em todas as regiões da Europa devido às condições do solo de certas zonas. O trigo utilizado para fazer o que poderíamos classificar como "pão branco" era considerado superior a outros cereais devido à sua textura mais fina quando moído.
Que tipo de coisas foram cozinhadas?
Os artigos produzidos pelos padeiros dependiam inteiramente dos ingredientes e produtos frescos disponíveis na altura. À medida que a Idade Média avançava, o mesmo acontecia com as variações de pão, bolos e biscoitos. Alguns exemplos dos artigos de padaria mais comummente vendidos na Idade Média incluem
- Pão branco - não muito diferente do pão branco que temos hoje em dia, com a cerveja a ser utilizada como agente de fermentação em vez de levedura pura e farinha de trigo refinada.
- Pão de centeio - de centeio, muito mais grosseiro, com uma crosta dura e de cor mais escura.
- Pão de cevada - semelhante em cor e textura ao pão de centeio, mas feito de casca de cevada.
- Pão ázimo - pão fabricado sem qualquer tipo de fermento.
- Pão combinado - feito a partir de uma combinação de vários cereais.
- Biscoitos - Feito com pão cozido duas vezes até ficar completamente duro e seco
- Bolo - muito mais densos do que os bolos que conhecemos atualmente.
- Empadas de carne picada - côdeas feitas de migalhas de pão e recheadas com carne, como a de carneiro ou de vaca.
Os produtos de pastelaria doces não eram cozinhados da mesma forma que hoje em dia. Uma vez que muitas das sobremesas feitas durante esta época, à exceção do bolo, não necessitavam de ser cozinhadas no forno, os cozinheiros faziam-nas normalmente.
A importância do pão na Idade Média
É estranho pensar que um alimento tão comum como o pão possa ser motivo de controvérsia, mas na Idade Média era-o. Em muitos sectores do cristianismo, o "corpo de Cristo" é simbolizado pelo pão durante a Eucaristia (ou Sagrada Comunhão).
As denominações discordavam sobre o tipo de pão que deveria ser utilizado para esta representação durante a missa sagrada. Estas disputas conduziam frequentemente a actos de violência e a pessoas acusadas e mesmo consideradas culpadas de heresia. As igrejas das regiões orientais acreditavam firmemente que o pão só devia ser levedado. Em contrapartida, as igrejas católicas romanas utilizavam pão ázimo, eventualmente sob a forma de hóstias.
Quando as igrejas católicas romanas eram fechadas, pedaços de pão ázimo eram espalhados pelas ruas e pisados. Um líder da Igreja Bizantina argumentou que o pão ázimo era uma má representação do corpo de Cristo, pois é "sem vida como pedra ou barro cozido" e é um símbolo de "aflição e sofrimento".
Ao contrário do pão levedado, que continha um agente de elevação, simbolizava "algo sendo elevado, levantado, sendo levantado e aquecido".
Produtos de pastelaria disponíveis para diferentes classes sociais na Idade Média
A sua classe na Idade Média determinava os alimentos disponíveis e, por conseguinte, o tipo de pão que poderia receber. As classes estavam divididas em três secções: classe alta, classe média e classe baixa.
A classe alta era constituída por reis, cavaleiros, monarcas, nobreza e alto clero. Os alimentos consumidos pelos ricos tinham mais sabor e cor. Comiam os melhores produtos de pastelaria disponíveis. Os seus pães eram feitos de farinha refinada e apreciavam outros produtos de pastelaria, como bolos e tartes (doces e salgadas).
A classe média era composta por clérigos, comerciantes e médicos e a classe baixa por agricultores, operários, camponeses e servos pobres.
A classe média e a classe baixa consumiam pão de mistura, de centeio ou de cevada. A classe média tinha meios para comprar recheios como a carne para produtos de pastelaria como as tartes.
Qual foi a duração da Idade Média?
A Idade Média estendeu-se desde o século V até ao final do século XV e não foi um período de tempo que tenha surgido em todo o mundo. A maioria dos registos e informações desta época são de locais como a Europa, o Reino Unido e o Médio Oriente. A América, por exemplo, não teve uma "Idade Média" ou um período medieval que seja retratado em filmes, literatura e registos históricos.
Conclusão
Ser padeiro na Idade Média parecia uma aventura selvagem. Podemos estar gratos por tudo o que aprendemos com esses tempos e pelo caminho que percorremos em termos de tecnologia, conveniência e conhecimentos sobre nutrição.
Referências
- //www.medievalists.net/2013/07/bread-in-the-middle-ages/
- //www.historyextra.com/period/medieval/a-brief-history-of-baking/
- //www.eg.bucknell.edu/~lwittie/sca/food/dessert.html
- //en.wikipedia.org/wiki/Medieval_cuisine